
"Vamos conquistar uma medalha de ouro!" Muito antes da chegada à meta, o avanço da atleta portuguesa já era tão grande que justificou o alerta. "É na espantosa prova feminina dos 50 quilómetros-marcha. Liga aí para veres." A promoção personalizada aguçou a curiosidade. A televisão ligou-se, à procura. O hábito ancestral levou-me aos canais habituais para este tipo de conquistas, raras no atletismo português, e por isso mesmo ainda mais memoráveis. Canal 1: eucaristia dominical. Canal 2: programação infantil. "Mas onde é que isso está a dar?" Eis que, subitamente, a memória informada identifica o Eurosport como o canal que, naquele dia, cumpre a nobre missão de serviço público. Lá estava Inês Henriques abraçada a uma bandeira maior do que ela, e que nos enchia os corações. A RTP diz que não comprou os direitos dos mundiais de atletismo devido aos valores "elevadíssimos e incomportáveis". "Foi humilhante", respondeu, e bem, no Record, o presidente da Federação de Atletismo. A explicação da RTP é falsa, porque no passado a empresa não se coibiu de fazer os investimentos necessários para garantir, por exemplo, a Liga dos Campeões, os Olímpicos ou mesmo os campeonatos europeus de atletismo. Pelos vistos, o orçamento só não chegou para os mundiais. Trata-se de uma decisão que merece censura, e que solidifica a ideia-chave: estamos perante a pior gestão da RTP desde a estabilização do regime democrático. Uma gestão que não tem uma única ideia consistente sobre o que é o serviço público. O atletismo é apenas mais uma vítima desta desorientação e caos conceptual.
"É na espantosa prova feminina dos 50 quilómetros-marcha. Liga aí para veres." A promoção personalizada aguçou a curiosidade. A televisão ligou-se, à procura. O hábito ancestral levou-me aos canais habituais para este tipo de conquistas, raras no atletismo português, e por isso mesmo ainda mais memoráveis. Canal 1: eucaristia dominical. Canal 2: programação infantil. "Mas onde é que isso está a dar?" Eis que, subitamente, a memória informada identifica o Eurosport como o canal que, naquele dia, cumpre a nobre missão de serviço público.
Lá estava Inês Henriques abraçada a uma bandeira maior do que ela, e que nos enchia os corações. A RTP diz que não comprou os direitos dos mundiais de atletismo devido aos valores "elevadíssimos e incomportáveis". "Foi humilhante", respondeu, e bem, no Record, o presidente da Federação de Atletismo.
A explicação da RTP é falsa, porque no passado a empresa não se coibiu de fazer os investimentos necessários para garantir, por exemplo, a Liga dos Campeões, os Olímpicos ou mesmo os campeonatos europeus de atletismo.