
Quando é que nos tornamos velhos?
Quando é que ficamos acabados?
Quando é que a magia acaba?
O que acontece em nós para isso acontecer?
Que fio desliga?
Que fio nos esquecemos de ligar?
A velhice passa com a idade, e nós também.
Terça.
Acordei com o medo de estar morto. Não o morto que os hospitais decretam. Não. Esse não temo, venha ele quando vier.
Acordei com o medo de estar morto para o que sou: para o que a minha vida tem de ser.
A vida tem de ser o que nos afasta do tédio.
Nem que meta medo, e na verdade tem mesmo de meter. Só o que mete medo nos mantém vivos. E pessoas.
Há sempre pessoas para nos salvar a vida, nem que seja por nos permitirem salvar-lhes a vida.
Amar é uma salvação partilhada.
Há um apagão em mim, como se tivesse acabado uma viagem que ainda prossigo.
As piores viagens são as que acabamos quando ainda vamos em viagem.
Penso no que já fui.
Penso no que via em tudo o que agora tenho e não vejo. Em tudo o que agora, mesmo que veja, não sinto.
As piores vidas são as daqueles que mesmo que tenham não vêem e que mesmo que vejam não sentem.
Viver é sentir, o resto é para enganar os tolos.
Sou tão feliz.
Tenho tanto quem me ame tanto.
A felicidade é ter quem nos ame tanto e nós os amarmos tanto assim.
Não sei de onde vem a morte, mas sei de onde vem a vida.
Basta isso para evitarmos morrer.
Rei: s.m.: Aquele que tem o mundo a seus pés ou nas suas mãos. O mesmo que apaixonado.