
A mudança de ciclo escolar pode suscitar grande ansiedade a uma criança e, durante os primeiros tempos, traduzir-se em queixas de dores de barriga matinais. É uma desculpa para não ir à escola?
Não, não é. O sistema nervoso tem ligação direta com o intestino. E, nestas situações, a ansiedade, receio, ou medo que sentem algumas crianças ao enfrentar o desconhecido, o iniciar de um novo ciclo escolar causa-lhes dores de barriga e, por vezes, vómitos. Estas queixas são reais, ou seja, as crianças estão mesmo a sofrer com dores de barriga, pois são dores psicossomáticas.
O que devem então fazer os pais quando as crianças estão com dores?
Os pais devem falar com elas, prestar-lhes atenção, distraí-las com conversas sobre coisas que elas gostem levando-as a relaxar. Depois puxar o assunto para a verdadeira causa da ansiedade e dor de barriga, confortá-las e falar-lhes dos aspetos positivos da mudança e que eles, pais, irão sempre estar ali presentes, para tudo. Sempre conversando e apoiando devem levar o filho ou filha à escola. Contudo, esta preparação por parte dos pais é fundamental que comece antes do início do ano letivo. Os pais têm de ir preparando os filhos para a mudança na vida escolar, falando com eles, para que o embate dos primeiros tempos seja o mais suave possível.
E, se as dores de barriga persistirem?
Se a causa for a ansiedade, dias depois com o apoio dos pais, a criança irá deixar de ter dores matinais. Até porque, como me contavam alguns pais, os filhos diziam que depois de chegarem à escola, as dores desapareciam. Contudo, se as dores persistirem aconselho a criança a ser vista pelo médico de família, ou pediatra se necessário, que se assim o entender poderá, por sua vez, aconselhar um especialista pedopsiquiatra ou psicólogo.
Há casos mais graves para estas queixas como as crianças que sofrem de bullying mas não contam aos pais.
Sim, existem. Mais uma vez alerto que a atenção dos pais para com os filhos tem de ser constante. Todos os dias, ao jantar, por exemplo, ou quando os vão buscar à escola, encontrar um tempo para falar com eles sobre o seu dia, perguntar-lhes como correu, levá-los a contar tudo, mesmo as situações mais complicadas. Se os pais conhecerem as crianças percebem logo que algo está mal. Depois devem falar com os professores regularmente sobre o seu filho. Os pais têm que prevenir que situações como o bullying, caso existam, sejam "combatidas" logo no início, para que o trauma na criança não aumente e deixe marcas profundas. Nos casos graves, quando descobertos, por exemplo, com as tais queixas de dores de barriga, aconselho uma ida ao médico de família ou ao pediatra do filho para aconselhar um pedopsiquiatra ou psicólogo.