'
FLASH!
Verão 2025
Compre aqui em Epaper
Francisco Moita Flores
Francisco Moita Flores Piquete de Polícia

Notícia

A menina

A vacina não é obrigatória. Não existe lei que possa punir quem se recusar a tomá-la. É uma decisão que se encontra na esfera individual de cada um. Os pais podem decidir, se for caso disso, estimular os filhos a querem ser vacinados. Ou não. Porém, neste caso surge outro imbróglio. Será que a decisão da menor em não ser vacinada está de acordo com a ideia que se inscreve no ‘superior interesse da criança’?
29 de setembro de 2021 às 19:56

Tem dado brado ao longo das últimas semanas. Um casal com três filhos. O pai adepto da vacinação. A mãe manifesta-se claramente como anti-vacinas. Uma das filhas, com apenas doze anos decidiu seguir as pegadas da mãe e recusa-se a tomar a vacina contra a Covid-19. O pai insiste na vacinação e a mulher não está de modas: foge com a filha para esta não ser inoculada.

O psicodrama ganhou parangonas nacionais quando o pai apresentou queixa na polícia por não conseguir contactar a filha. A partir daqui tudo se precipitou. No primeiro dia de aulas, a mãe leva-a à escola. O pai aparece. A PSP procura mediar aquele encontro para que o conflito não suba de tom. O caso é entregue ao Tribunal de Menores para que um juiz venha a estabelecer aquilo que é o ‘superior interesse da criança’ depois de toda esta azáfama. Deve ser vacinada, como é a vontade do pai? Ou não deve, tal como a miúda pede e a mãe apoia?

É daqueles casos que nem devia chegar ao conhecimento de polícias, nem de tribunais. Só irão complicar em vez de simplificar esta questão.

A vacina não é obrigatória. Não existe lei que possa punir quem se recusar a tomá-la. É uma decisão que se encontra na esfera individual de cada um. Os pais podem decidir, se for caso disso, estimular os filhos a querem ser vacinados. Ou não. Porém, neste caso surge outro imbróglio. Será que a decisão da menor em não ser vacinada está de acordo com a ideia que se inscreve no ‘superior interesse da criança’? Uma menor é inimputável, não é obrigada a conhecer o conceito de responsabilidade e as escolhas são superentendidas pelos seus encarregados de educação. Chegamos ao ponto que importa para esta crónica.

Nem o pai, nem a mãe souberam cumprir-se neste diferendo. Em vez de polícia e tribunais, deveriam ter escolhido psicólogos e especialistas de saúde pública que lhe explicassem ao detalhe os prós e os contras da vacinação. Um juiz não é especialista em epidemiologia. São profissionais de saúde que obrigatoriamente devem expor a estes encarregados de educação quais os riscos e benefícios deste ato médico, para chegarem a um acordo sobre os destinos da sua própria filha.

Leia também
Leia também
Leia também
Leia também
Leia também

você vai gostar de...

Mais notícias de Piquete de Polícia

Agressão com amor

Agressão com amor

Juraram e viveram promessas de amor, fizeram de filhos, construíram vidas e, mais cedo ou mais tarde, começa a agressão.
O inferno

O inferno

Os governos, os sucessivos governos, seja qual for a cor da sua bandeira, passam pelos fogos como cão por vinha vindimada.
Afogamentos

Afogamentos

A esmagadora maioria dos óbitos, ocorridos no mar e em rios, acontece em locais sem controlo de vigilância e sem ajuda.
Absolvição

Absolvição

A tese que defendia que ele [Fernando Valente] assassinara Mónica Silva morreu na sala de julgamento.
A Operação Marquês

A Operação Marquês

Tenho ficado perturbado com os comícios que Sócrates gerou à porta do tribunal.
O ataque nuclear

O ataque nuclear

A ameaça nuclear tem como finalidade, mais do que o eventual uso da bomba, o medo.

Subscrever Subscreva a newsletter e receba diariamente todas as noticias de forma confortável