
Terminou a Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP e, com ela, a novela de passa-culpas a que assistimos, sabendo antecipadamente que chegaríamos a um final feliz. Ninguém terá dúvidas de que os nossos governantes, que por lá passaram, não souberam de nada, que nada de extraordinário se passou, que a TAP nunca foi controlada pelo Governo, que a sessão de murros e pancadaria no Ministério das Infraestruturas foi coisa inventada pelas televisões, que o SIS se meteu na confusão para alegrar o pagode por sua conta e risco, sem que ninguém o tenha chamado para a função. E excelência suprema: ninguém mentiu. Com a graça de Deus!
Também é verdade que a PJ quis meter o bedelho. Queria o computador do assessor. Pura ingenuidade. Acreditou que se tratava de um roubo, tal como foi proclamada pelo primeiro-ministro e pelo ministro Galamba. Afinal, foi fazer de figurante. Não havia qualquer roubo. Os partidos da oposição quiseram fazer chicana política. Fizeram perguntas que não lembravam ao diabo e ficaram sem respostas, pois não se responde a idiotas, ou esgotaram o tempo em picardias para demonstrar o indemonstrável. É natural que muitos dos interpelados, para não dizer todos, não se lembrassem de factos em apreço. A memória é traiçoeira e o homem não é de ferro, não é verdade?
Algumas coisas ficaram claras. A indemnização Alexandra Reis de 500 mil euros está abaixo da média das indemnizações que outros gurus da companhia abicharam quando foram despedidos. Que esquecendo os três mil e duzentos milhões que o Estado lá meteu, uns trocos como se sabe, a TAP deu lucro. Dá para fazer bom trabalho de propaganda, afinal o néctar e a ambrósia que alimenta o País.
Provado, provadinho ficaram duas coisas: que o assessor ainda tinha o telemóvel do Ministério e que alegremente entregou à CPI, perante grande momento de espetáculo televisivo; e que o mesmo anda de bicicleta. Foi magnífico!