
Estamos avisados. Não será pela falta de alertas que, daqui por uns tempos, nos poderemos queixar. Autoridades e especialistas no combate a incêndios anunciam este verão como um tempo em que os incêndios podem provocar grandes devastações de florestas e matagais devido à proliferação de vegetação decorrente das chuvas de janeiro e fevereiro.
Por outro lado, fazendo o balanço da área ardida, já este ano, ronda os 70 por cento, aquela que foi submetida ao império das chamas devido á negligência humana. Isto é, por cada três incêndios, dois resultaram do nosso desleixo e indiferença.
Habitados pelo sentimento de culpa, incapazes de ganhar consciência da nossa responsabilidade para com os outros e para com a Natureza, falta pouco tempo para que vejamos serranias a arder, bombeiros em esforços sobre-humanos, gente aflita com as casas em risco e os seus bens devorados pelas chamas para surgir a berraria do costume contra os criminosos incendiários. Quando chegar a hora da aflição, não vai haver muitas dúvidas de que é mão criminosa que acende o país de ponta a ponta.
Não é. Como nunca foi. É certo que o verão é o parque de diversão dos incendiários. É certo que bastantes incêndios atearão devido à falta de escrúpulos de quem quer ganhar dinheiro com a tragédia dos outros. Porém, não é menos verdade que a maior parte dos fogos se deve à negligência humana.
É a razão que me leva a escrever-lhe, caro leitor. Agora, quando a temperatura ainda está branda, a humidade ainda por aqui anda e o vento está manso. Não faça fogo na floresta. Rodeie-se de mil cuidados se fizer um piquenique. Use com parcimónia o isqueiro ou o fósforo, se fumar, apague bem o cigarro e trate a terra, a floresta, os campos com a mesma delicadeza com que é recebido. Ajude a combater os incêndios, não os provocando por mera distração, e, por favor, proteja-se, protegendo a floresta.