
O Festival da Canção continua a ser, embora sem o mediatismo de outros tempos, um dos maiores acontecimentos da televisão portuguesa e a 51ª edição, longe de ter sido irrepreensível, acabou por funcionar como a cereja no topo do bolo, no âmbito das comemorações dos 60 anos da RTP.
A aposta anunciada em sangue novo e na diversidade musical conseguiu, a bom tempo, prender-me ao ecrã, caso contrário não teria a oportunidade de usufruir, em tempo real, da interpretação magistral de Salvador Sobral da canção, "Amar pelos dois", composta pela irmã Luísa Sobral.
Ainda longe de saber que iria ser ele o representante de Portugal no Festival da Eurovisão da Canção, em maio, na Ucrânia, os trejeitos de Salvador e a forma "sui generis" de se apresentar em palco, já eram alvo de crítica e até de escárnio.
Entendo que foram precisamente a genuinidade e a simplicidade demonstradas, em direto, que conferiram a este jovem artista a elevação necessária para inscrever o seu nome na gesta da música portuguesa e consequentemente a possibilidade de nos fazer sonhar a todos com um lugar na grande final, algo que nos anda a passar entre os dedos há 7 anos.
Salvador Sobral vai "amar pelos dois" e cantar pela Pátria. Descomprometido. Fiel aos sentimentos. Sem filtros. No dia 9 de maio, lá estarei, de olhos colados ao pequeno ecrã, a torcer pela tua, pela nossa vitória. "Habemus" música!