
A última entrevista de Judite Sousa à revista 'TV Guia' veio reforçar a minha convicção sobre a nobreza deste género jornalístico. Uma entrevista, é sempre uma entrevista, independentemente de quem a faz. No entanto, existem momentos únicos, rasgos de talento que conseguem elevar certas conversas para um patamar superior.
– Como é que uma mulher que perde um filho, o seu único filho, se consegue reerger e manter de pé? Esta foi a primeira pergunta, entre tantas, lançada por Paulo Abreu, chefe de redação da publicação da Cofina. A resposta, à semelhança de todas as outras, acaba por revelar uma mulher despida de preconceitos em assumir a dor e o sofrimento.
Ao longo de várias horas de gravação Judite Sousa faz revelações inéditas sobre si, o filho André Bessa, o divórcio com Fernando Seara, a zanga com a amiga de longa data Manuela Moura Guedes.
A que mais me sensibilizou e que tanto contribuiu para considerar esta entrevista como a melhor que já foi feita à jornalista, surge quando assume ter vivido uma infância traumática que a empurrou para o sofá de um psiquiatra aos 13 anos. "Só aos 11 anos é que o meu pai me assumiu como filha e, portanto, nesse início da minha adolescência precisei de ajuda".
A conversa com um dos principais rostos da informação da TVI foi mantida longe das câmaras e protegida entre quatro paredes.
Por mais forte que seja o poder da escrita e o arrumo das palavras, dei por mim, a meio da entrevista, a desejar que uma câmara de televisão estivesse ligada para eternizar a crueza, as expressões e a honestidade das palavras de Judite Sousa. Desta vez não foi possível, mas acredito que esse momento possa estar para breve.
Judite falou com o coração na boca e foi a protagonista de uma grande entrevista que tão cedo não irei esquecer.