
A entrevista de Anderson Cooper no programa ‘60 Minutes’, emitido pela CBS, foi vista por mais de 22 milhões de pessoas. Um autêntico fenómeno de audiências que bateu recordes e levou com toda a certeza o jornalista e escritor americano a abrir várias garrafas de champagne.
Stormy Daniels contou tudo. Assertiva nas palavras, crua no modo como descreveu a relação íntima com Donald Trump – não fosse ela uma estrela da indústria pornográfica – numa altura em que supostamente o presidente dos Estados Unidos já era casado com Melania Trump.
A CBS está de parabéns porque acertou na "mouche" ao conceber com minúcia o conteúdo televisivo. Já Stormy Daniels devia corar de vergonha por se prestar a tão deprimente papel.
Repudio a postura. Sobretudo porque Donald Trump, tal como a atriz porno assumiu, nunca a obrigou a ter relações sexuais. Ela, assim como qualquer elemento do sexo feminino com poder económico e autoestima, é livre de dizer sim, ou não, a uma proposta mais ousada, seja ela feita por um Adónis ou um qualquer canastrão.
Tenho construido o meu percurso no jornalismo sem pruridos de qualquer espécie, mas o êxito irrefutável desta entrevista acaba por ser ultrapassado, em larga escala, pela vergonha alheia que provoca. Não posso deixar, enquanto homem, de denunciar o que só tem um nome: aproveitamento!
Num tempo em que as mulheres, com total legitimidade, lutam pela igualdade de direitos e oportunidades, são atitudes como esta que as fragilizam e fazem perder terreno. Não pode valer tudo. Stormy urdiu um esquema para ser famosa e consegiu-o. Ganha milhares de euros e oferece outros tantos milhões a quem a sabe potencializar em televisão.
Ciente de que a moda veio para ficar vou estar de olho bem aberto para mudar de canal assim que aparecer mais uma Stormy Daniels desta vida…