O novo desafio lançado a Daniel Oliveira, o novo diretor de programas da SIC, em mudar o fado da estação de Carnaxide tem tanto de estimulante como de periclitante. Conhecedor da abnegação com que se entrega ao trabalho não tenho dúvidas de que o homem, que um dia conheci menino nos bastidores da rádio, de tudo fará para corresponder às expectativas que nele depositaram.
Mas a tarefa será hercúlea. Afinal, é sempre assim quando a casa é grande e precisa de um restauro e arrumações profundas. Convocado para tomar decisões, que já demonstram não reunir absoluto consenso, Daniel Oliveira prossegue implacável na estratégia em que acredita.
Apesar de aplaudir a coragem de ter de decidir em tão pouco tempo, olho com desconfiança para as alterações que estão a ser anunciadas no daytime da estação. Abdicar da maturidade de Júlia Pinheiro nas manhãs da SIC, ao que tudo indica, pela irreverência de João Baião, não me parece que irá beliscar, quanto mais ferir de morte a concorrência.
A experiência acumulada, durante anos, nas redacções de programas que funcionaram como a galinha dos ovos de ouro da SIC, não me deixam quaisquer dúvidas quanto ao risco desta jogada. As alterações num horário tão sensível quanto este, sobretudo as mais cirúrgicas, nunca deviam ser feitas de supetão, por impulso e de forma tão pouco amadurecida.
É de manhã que se começa a ganhar o dia e esse ditado popular assenta que nem uma luva a quem todos os dias se sacrifica para fazer a melhor televisão e conseguir boas audiências. Fica o alerta, para quem, o daytime, será apenas um entre a miríade de desafios perigosos que terá de saber superar.
