
A detenção de Bruno de Carvalho, indiciado por mais de 53 crimes relacionados com o ataque aos jogadores do Sporting na Academia de Alcochete, no dia 15 de maio, só pode surpreender os mais desatentos ou então a minoria, cada vez mais silenciosa, que continua a acreditar nos desígnios do ex-presidente do Sporting.
À hora que escrevo estas linhas, Bruno de Carvalho é ouvido por um juiz de instrução criminal, no Tribunal do Barreiro, que irá decidir as medidas de coação a aplicar. Ele, assim como Mustafá, o chefe da claque legalizada do clube leonino (Juve Leo), respondem como alegados autores de uma das páginas mais vergonhosas da história do futebol português.
São muitas as dúvidas e as questões que se levantam quanto ao desfecho deste processo, cujo interesse público faz com que as televisões acompanhem ao segundo o que acontece. Mas ainda assim, há para já uma certeza insofismável: nada será como dantes no futebol português.
Essa é pelo menos a minha convicção. O trabalho desenvolvido pela justiça e as autoridades tem obrigatoriamente que ser periférico, chegar a outras cúpulas, investigar, denunciar e condenar quem dirige os clubes que representam através da corrupção, da coação e outros esquemas ilegais.
É tempo de acabar com o "chico-espertismo" que intoxica e compromete a paixão pelo futebol. O caso dos e-mails, o processo cashball e e-toupeira são autênticas nebulosas que toldam o discernimento de adeptos e agentes desportivos. A liderança despótica de Bruno de Carvalho e respetivas consequências negativas não afetam apenas o Sporting. Com ele perdeu o futebol.