
Com um ano de atraso, é certo, mas a décima sexta edição do Europeu de futebol está no ar e, pela primeira vez na sua história, disputada numa lógica pan-Europeia com onze cidades, de onze países diferentes, a receberem jogos e…adeptos!
Este modelo de organização, acordado em 2012, tinha, pelo menos oficialmente, um objetivo muito claro: que todos os países, independentemente do seu poderio económico, e considerando a crise económica que varria a Europa na altura, tivessem a oportunidade de receber jogos de uma competição de seleções.
A acreditar que assim seja, é de facto, um sinal muito positivo que nos chega, de união e solidariedade entre os povos – e bem que precisamos. Depois de um ano e meio em que, de uma forma ou de outra, estivemos inevitavelmente afastados uns dos outros e considerando que a corrida às vacinas poderia muito facilmente ter-se tornado uma competição financeira entre países ricos e pobres e não o é, pelo menos não tanto no contexto europeu, torna muito significativo acreditar que, até no futebol, estamos todos juntos.
Na verdade, este Europeu, já teve um claro vencedor. Em imagens que correram o mundo, ao minuto 43 do encontro entre a Dinamarca e a Finlândia, disputado precisamente nos arredores da cidade de Copenhaga, o jogador dinamarquês Christian Eriksen caiu inanimado no relvado. De imediato, vimos Simon Kjaer a socorrer o compatriota e a iniciar as manobras de reanimação, a juntar a equipa à volta do colega para que as câmaras não filmassem o momento e ainda a consolar a mulher de Eriksen. Enquanto os adeptos de Dinamarca e Finlândia faziam ecoar alternadamente "Christian" e "Eriksen" por todo o estádio, viviam-se momentos de pânico, que apenas acalmaram quando se percebeu que o jogador ia já consciente a caminho do hospital, sempre ladeado pelos companheiros. Depois da equipa dinamarquesa decidir regressar dos balneários, para onde tinham recolhido, para disputar a segunda parte, a equipa da Finlândia recebeu os oponentes com uma merecida guarda de honra.
No final, o resultado era o que menos interessava. Ganhou o futebol e ganhámos todos nós, adeptos, que às vezes nos esquecemos – ou nos deixam esquecer – que ainda que isto seja só um jogo, será sempre também muito mais do que isso.