
O concurso de Fernando Mendes vai ter um novo cenário, em Setembro. Outra novidade: a RTP já terá garantido à produtora Fremantle a renovação do contrato por mais dois anos. Isso significa que a televisão do Estado perdeu a vergonha que demonstra ter do programa das 7 da tarde, e vai passar a defendê-lo? Nada disso.
A forma como foram dadas as duas notícias – cenário novo, contrato alargado – é mais um indício do silenciamento com que a RTP asfixia uma das suas principais apostas. Por incrível que pareça, a revelação não fez parte de uma campanha estruturada de promoção do formato.
As novidades chegaram através do programa A Voz do Cidadão. Ou seja: em bom rigor, tais novidades podem nem ser oficiais. Mas o provedor dos espectadores fez mais: a reportagem apresentada no programa traçou um retrato impressionante do serviço público prestado por Fernando Mendes. Vimos excursões de centenas de quilómetros, pessoas que saem de casa de madrugada, vêm do País profundo para visitar Lisboa, muitas vezes pela primeira vez na vida. Tudo, para assistir a O Preço Certo.
Vimos comida e bebida oferecidas em grandes quantidades, bens essenciais que a produção encaminha para instituições de solidariedade. Vimos, finalmente, que os objectos oferecidos são guardados pelo apresentador, numa espécie de "museu Fernando Mendes". Vimos tudo isto, e no final ficámos a saber que O Preço Certo vai continuar, e será renovado.
Bem haja, Jorge Wemans: alguém na RTP tem que se preocupar com as grandes opções estratégicas do canal. O público agradece.