
Os leitores conhecem bem, porque já aqui falámos do tema várias vezes, a importância das 7 da tarde na vida de um canal de televisão em Portugal. Trata-se de uma faixa horária crítica para a saúde da indústria. O acesso ao horário nobre precede o período de maior investimento publicitário, e quem faz más audiências às 7 da tarde tem mais dificuldades em triunfar no jornal principal, bem como nos produtos que se lhe seguem, sejam eles novelas, concursos ou qualquer outro formato de grande orçamento.
A importância das 7 da tarde é tanta que os programadores procuram ser competitivos, de todas as formas ao seu alcance. O reverso da medalha é que os momentos de crise de cada canal se refletem de imediato neste horário. É aqui, às 7, que surgem os truques de magia, as tentativas desesperadas, as experiências condenadas ao fracasso.
As 7 da tarde são uma espécie de cemitério dos programadores: quem falha aqui acaba por sair do mercado. Alguns exemplos paradigmáticos dos tempos mais recentes: foi às 7 da tarde que Cristina Ferreira confirmou ser detentora de uma personalidade televisiva poderosa, derrotando Fernando Mendes, anteriormente rei do horário.
Foi aqui, também, que a SIC iniciou o ataque ao horário nobre, nesta nova fase de liderança da média diária, ao consolidar o diário dos Agricultores com resultados crescentes. É aqui, finalmente, que a TVI acaba de perder a cabeça, ao arriscar com o cão-polícia, um formato matinal de fim de semana. Arriscou e perdeu. O limiar dos 11% é baixo demais.
Fair playA SIC tem agora nos jornais uma espécie de caça à mentira. Chama-lhe Polígrafo, na tradição da máquina da verdade, que faz parte do passado do canal. Prova de fair play: assinalou e pediu desculpa pela utilização de uma imagem, gravada no Paquistão, em 2017, e passada como se fosse da tragédia em Moçambique.
Futebol na TVJá lá vão uns dias, mas, como o jogo deu em sinal aberto, muitos leitores ainda se lembrarão. O Sporting-Benfica teve uma realização péssima, com excesso de repetições, que fizeram o espectador perder o direto de parte relevante de muitas jogadas. É que o jogo continua enquanto a repetição decorre. Péssimo vício dos realizadores as repetições em excesso.
La banda, no canal 1
Duas razões justificam atenção nas próximas semanas ao novo talent show da RTP1: o formato tem potencial e representa o regresso de Sílvia Alberto à apresentação, ela que continua a prometer muito, sendo que, por enquanto, ainda não é tarde demais para a sua carreira. Além disso, no passado domingo, dia de estreia, o canal 1 fez pouco mais de 8% de média diária, o que é péssimo, mas o La Banda ficou acima dos 13%, ou seja, fez melhor do que a estação, e com a concorrência forte que se conhece, aos domingos à noite. Acompanhemos com atenção.
A inutilidade do CGIAntónio Feijó, presidente do Conselho Geral Independente da RTP, habilita-se ao prémio de declaração mais bizarra do ano. Diz ele, em entrevista ao Expresso, que o Conselho, cuja missão é fiscalizar a administração, não interveio na polémica do protocolo com a Federação porque todas as decisões desse acordo "tinham um deferimento", ou seja, "tudo seria acordado no futuro". Confissão de inutilidade do CGI feita pelo presidente?