
A rápida secularização das relações sociais atingiu a organização familiar mesmo no centro do coração. A dissolução das relações de solidariedade psicoafetiva levou a crescente quebra dos vínculos familiares. O compromisso familiar é cada vez menor, a urgência do viver obriga a pressas que não permitem disponibilizar tempo para acudir a afeições resultantes da consanguinidade.
As relações de solidariedade verticais são submetidas à erosão da pressa, do imediato, do urgente e não resta tempo, o tempo mágico da atenção, das palavras ditas, das evocações da memória e os avós deixam de sê-lo, no sentido mais substantivo da palavra, para se tornarem em idosos, em velhos. Nesta sociedade da pressa e do consumismo, velho significa já usado, sem préstimo, dispensável.
E neste contexto de desconstrução dos laços afetivos que irrompe a violência contra o idoso-objeto. A velhice perde o estatuto de ancestralidade e sabedoria, não passa de um ‘cota’ que perturba e precisa de tempo, desse tempo que o quotidiano exige ser transformado num instante.