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Notícia

A violência latente

Toda esta balbúrdia, assim como a agressividade expressa, revela uma grande pobreza da democracia portuguesa cinquenta anos após o 25 de Abril.
24 de março de 2024 às 07:00
25 de abril, salgueiro maia
25 de abril, salgueiro maia

Num contexto mundial onde a violência se expressa, em vários pontos do Globo, através de genocídios, matanças étnicas e religiosas, em que a política se faz tendo como coro os disparos dos canhões, pressente-se a chegada de uma atmosfera onde o exercício do poder democrático se baseia mais na força do que no diálogo tolerante. Putin usa as fórmulas democráticas (veja-se o arremedo de eleições que protagonizou) para legitimar as suas políticas fundadas na força e na carnificina. Do outro lado do mar, Trump garante que se não ganhar as eleições, em novembro, correrá um rio de sangue nos Estados Unidos. Na Europa atropelam-se as opiniões e as políticas, cada vez mais crispadas, com o crescendo da vozearia que profetiza a guerra a curto prazo e implora reforços armamentistas.

Aqui, na ressaca das últimas eleições legislativas, a crispação política cresceu generosamente. A subida meteórica de um partido da direita mais radical, sem correspondência na esquerda mais radical que viu as suas propostas políticas serem vencidas, somadas à incapacidade de atração de votos dos dois principais partidos, fez disparar a turbulência entre as várias narrativas. Escrevo esta crónica quando ainda não se sabe que partido venceu as eleições, pois ainda se contam os votos da Europa e do resto do mundo, sem que ninguém conheça o futuro governo e, por esta via, sem governo empossado, e já se cavam trincheiras. O Bloco de Esquerda pediu uma reunião às forças de esquerda idealizando uma espécie de frentismo contra a direita. O PCP já decidiu que apresentação uma moção de rejeição ao futuro governo, enquanto o Chega anuncia o apocalipse se não for ouvido para a formação das futuras políticas públicas.

Toda esta balbúrdia, assim como a agressividade expressa, revela uma grande pobreza da democracia portuguesa, 50 anos após o 25 de Abril. E revela, ainda, como somos herdeiros das longas durações a História baseada na cultura inquisitorial e em visões do mundo a preto e branco.

É um mau exemplo que se dá aos mais jovens. É uma crispação que esconde uma violência latente que, por enquanto, se exprime por palavras mas dá sinais ameaçadores em relação ao exercício do poder cultivando os valores da cidadania, da tolerância e do respeito pela diferença. Assim, não vamos lá!

Aqui, na ressaca das últimas eleições legislativas, a crispação política cresceu generosamente. A subida meteórica de um partido da direita mais radical, sem correspondência na esquerda mais radical que viu as suas propostas políticas serem vencidas, somadas à incapacidade de atração de votos dos dois principais partidos, fez disparar a turbulência entre as várias narrativas. Escrevo esta crónica quando ainda não se sabe que partido venceu as eleições, pois ainda se contam os votos da Europa e do resto do mundo, sem que ninguém conheça o futuro governo e, por esta via, sem governo empossado, e já se cavam trincheiras. O Bloco de Esquerda pediu uma reunião às forças de esquerda idealizando uma espécie de frentismo contra a direita. O PCP já decidiu que apresentação uma moção de rejeição ao futuro governo, enquanto o Chega anuncia o apocalipse se não for ouvido para a formação das futuras políticas públicas.

Toda esta balbúrdia, assim como a agressividade expressa, revela uma grande pobreza da democracia portuguesa, 50 anos após o 25 de Abril. E revela, ainda, como somos herdeiros das longas durações a História baseada na cultura inquisitorial e em visões do mundo a preto e branco.

É um mau exemplo que se dá aos mais jovens. É uma crispação que esconde uma violência latente que, por enquanto, se exprime por palavras mas dá sinais ameaçadores em relação ao exercício do poder cultivando os valores da cidadania, da tolerância e do respeito pela diferença. Assim, não vamos lá!

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