
Devo confessar, antes de escrever esta crónica, que durante anos fui admirador de Manuel Maria Carrilho. Fiquei com a ideia de que foi um bom ministro da Cultura, fazendo alguns milaggres com um por cento do Orçamento de Estado, alguns dos seus artigos de opinião eram de verdadeira excelência, e no comentário televisivo, sendo um erudito, primava pela simplicidade com que explicava os seus pontos de vista. Foi, sem dúvida, um dos momentos apoteóticos da sua vida. Ainda por cima, casara com uma das mulheres mais bonitas, trabalhadora, com sentido de espetáculo da televisão portuguesa. Conheci a Bárbara Guimarães quando, ainda era pivot e estagiária na TVI. Percebia-se que estava a nascer uma estrela. Houve um tempo que considerei este par digno de um conto de fadas.
Ao sair do governo e, sobretudo, após a experiência como embaixador, senti que ele estava a entrar em curto circuito. Particularmente quando entrou em confronto com Guterres, o homem que o levara ao palco maior da política, que lhe deu a oportunidade de expor e realizar projetos para o País. Começava a entrar no caminho da desilusão. Quem não é grato a quem lhe abre a vida, não pode ser tão boa pessoa como eu imagina. Depois veio o episódio com Carmona Rodrigues, no final de um debate na SIC, recusando-se a cumprimenta-lo. Nunca vira nada assim. O meu juízo sobre a criatura já estava no polo oposto à admiração. Por tudo isto, que não me tenha impressionado a notícia de que Bárbara era vítima de violência doméstica e, bem mais grave, ao mesmo tempo o marido ensaiava uma manobra de descredibilização da mulher nos jornais. Sem pensar nos filhos. Sabia que lhe podia arruinar a carreira e não teve qualquer escrúpulo em fazê-lo. Agora, declara em Tribunal que sempre viu a mulher com nódoas roxas porque bebia muito e caía. Deve dizer-se, antes do mais, que as lesões de agressão são bem diferentes daquelas que são provocadas por quedas. Porém, esta manifestação pública da vida íntima da família tem um obsceno traço de ressabiamento. Não anda longe dos rufias que matam as mulheres com o argumento que, se não é minha, não és de mais ninguém. Restam poucas dúvidas que ele vai ser condenado face à prova que existe. Tal como foi noutros julgamentos sobre o mesmo tema. E consegue a sua vitória pequenina, cheirando a estrume: É que vai conseguir destruir a carreira de Barbara. É assim!
Começava a entrar no caminho da desilusão. Quem não é grato a quem lhe abre a vida, não pode ser tão boa pessoa como eu imagina. Depois veio o episódio com Carmona Rodrigues, no final de um debate na SIC, recusando-se a cumprimenta-lo. Nunca vira nada assim. O meu juízo sobre a criatura já estava no polo oposto à admiração.
Por tudo isto, que não me tenha impressionado a notícia de que Bárbara era vítima de violência doméstica e, bem mais grave, ao mesmo tempo o marido ensaiava uma manobra de descredibilização da mulher nos jornais. Sem pensar nos filhos. Sabia que lhe podia arruinar a carreira e não teve qualquer escrúpulo em fazê-lo.
Agora, declara em Tribunal que sempre viu a mulher com nódoas roxas porque bebia muito e caía. Deve dizer-se, antes do mais, que as lesões de agressão são bem diferentes daquelas que são provocadas por quedas. Porém, esta manifestação pública da vida íntima da família tem um obsceno traço de ressabiamento. Não anda longe dos rufias que matam as mulheres com o argumento que, se não é minha, não és de mais ninguém.