
As notícias não são animadoras. Pela Europa cresce uma nova vaga de Covid. Deve dizer-se que, por cá, os números também sobem. À memória regressam as imagens do final do ano passado e inícios de 2021. Munidos de uma saber de experiência feito, como escreveu Camões, não deve haver ninguém que não tenha consciência da ameaça que o vírus representa. Todo o cuidado é pouco e aquilo que se exige é bem pouco cuidado: lavar as mãos várias vezes ao dia, manter distanciamento físico e usar máscara em espaços onde existam mais pessoas.
A que propósito surge esta crónica? Exatamente pelos números. Revelam que a pandemia está a ultrapassar os limites em países em que a vacinação é baixa. Ou dizendo de outro modo, em regiões onde a recusa da vacinação teve maior impacto. Mais infetados, mais internados, mais mortos.
É o reverso da medalha das manifestações e apelos contra a vacinação. A ignorância a revelar o seu lado mais sinistro, matando mais gente. De tal modo, é grande a tormenta que a Áustria se viu obrigada a interditar espaços públicos a quem não esteja vacinado.
Hoje, sabe-se mais sobre este vírus que, há dois anos, desconhecíamos. Percebe-se que é bem diferente da gripe. Perpetua-se ao longo do ano, omnipresente, retraindo-se conforme se contraem as restrições, avançando voraz quando abrimos mão de maiores cuidados preventivos. Uma espécie de concertina que abre e fecha conforme a nossa atenção e cuidado.
Dizem os especialistas que, por cá, esta vaga causará menos dano por termos quase 90 por cento da população vacinada.
Talvez tenham razão. Talvez não. Este é o teste que vamos viver para perceber se a vacinação melhorou claramente a resistência da comunidade ao vírus. O inverno está à porta, a gripe já chegou e, pela vossa rica saúde, protejam-se. Nunca é tempo para chorarmos os mortos que ainda não temos.