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Francisco Moita Flores
Francisco Moita Flores Piquete de Polícia

Notícia

Propaganda populista

Só existe uma explicação para a drástica diminuição da actividade criminosa no ano de 2020 – a pandemia. A Covid-19 alterou profundamente os nossos quotidianos. Desertificou o espaço público. Diminuiu o número de pessoas em movimento, subtraiu a invasão turística a que o País estava habituado, reduziu multidões, festas, megaencontros para espectáculos ou para outro tipo de actividades. Encerrou estádios de futebol, restaurantes, hotéis, bares e discotecas.
01 de agosto de 2021 às 07:00
Carro da PSP, xxx, polícia
Carro da PSP, xxx, polícia

Tem sido arremessado como argumento político de grandes vitórias e é dito pelo governo com o maior dos descaramentos. Nunca a criminalidade desceu tão tanto como no ano que findou. E segundo os protagonistas, com o primeiro ministro à cabeça, vincam esta realidade como se fosse uma virtude de uma eficaz política previamente desenhada e construída em favor das populações.

A falsidade é tão evidente que tenho resistido a escrever sobre esta matéria. Sobretudo porque é uma bandeira de propaganda tão desavergonhada que presumi que os partidos da Oposição desfizessem esta mistificação. Infelizmente, a mediocridade das forças políticas deixa passar em branco esta repetida fanfarronada, que decidi vir a terreiro.

Só existe uma explicação para a drástica diminuição da actividade criminosa no ano de 2020 – a pandemia.

A Covid-19 alterou profundamente os nossos quotidianos. Desertificou o espaço público. Diminuiu o número de pessoas em movimento, subtraiu a invasão turística a que o País estava habituado, reduziu multidões, festas, megaencontros para espectáculos ou para outro tipo de actividades. Encerrou estádios de futebol, restaurantes, hotéis, bares e discotecas. Obrigou-nos ao confinamento quase compulsivo, através dos sucessivos estados de emergência, e aí, confiou o sofrimento, mergulhando na cifra negra muitos crimes de violência doméstica.

Ora a actividade criminosa contra o património, contra as pessoas e contra a sociedade emerge das atitudes, comportamentos e acções de quem vive em determinada comunidade. Se esta se encontra limitada nos seus direitos, conforme aumenta a imposição do não contacto interpessoal, menor é o comportamento criminal. O crime é um acto humano e só se compreende à luz do modo de estar, de conviver, de trabalhar, de agir. Menos direitos significa directamente menos crimes. Daí que, olhando estatísticas sem um olhar mais analítico, as ditaduras são os regimes mais seguros.

Por esta simples razão, embora decisiva, é obscena a propaganda governativa em torno desta questão tão séria e tão importante para o País. Já nem se pede seriedade. Apenas alguma decência para não usar os cidadãos como um bando de analfabetos.

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