
Ruben Semedo é (foi) um promissor futebolista. Tem vinte e três anos. Atleta do Sporting foi transferido para o Villa Real, um dos mais poderosos clubes de Espanha por valores, a acreditar nos jornais, de catorze milhões de euros. Uma fortuna!
Foi preso. Suspeito de sequestro e roubo. Não é a primeira vez que tem problemas com a polícia por outros tipo de transgressões e é com tristeza que vemos uma jovem estrela estar a construir um cadastro em vez de criar um currículo.
Para um cidadão vulgar, daqueles que arranca o pão à custa de muito trabalho e sacrifício, não deixa de ser surpreendente casos como este. Porque não é o primeiro. Não chegam os dedos das mãos para contar histórias de outros jovens atletas que ficaram pelo caminho, caindo na delinquência e, até, na marginalidade mais negra.
O futebol tornou-se num negócio de muitos milhões. Quantidades imensas de dinheiro que nas mãos de jovens, ainda sem compreensão do mundo, deslumbrados, incapazes de separar o efémero da longa duração da vida, rapidamente caem na tentação do risco, da transgressão e da sensação de que são heróis, adorados por legiões de admiradores, e os pés descolam do chão, perdem o sentido da realidade e rapidamente esbanjaram os milhões que ganharam e estão reduzidos a marginais.
Julgo que os clubes deveria ter esta responsabilidade social para com os seus atletas. Ter gestores de fortunas que lhes permitisse viver com dignidade, perceber que a vida é muito mais do que o prazer de jogar ou o prazer da diversão, para que casos como este não se voltassem a repetir. Dou um exemplo dramático. Nos anos oitenta, o Vitória de Setúbal e o Benfica foram a casa de um dos nossos maiores pontas de lança de sempre. Vitor Baptista. Ganhou milhares de contos. A droga estragou-lhe a vida. Quando morreu era coveiro num cemitério.