
As notícias de supostos escândalos em torno do futebol começam a ser tão exagerados, tão empolados pelos séquitos de comentadores ao serviço dos vários clubes, com argumentações que nada têm a ver com a causa criminal mas com a natureza do carácter de cada protagonista, tornou-se num ruído tão insuportável que, era capaz de jurar, tudo vai acabar no fundo de um armário com arquivamento de queixas. Os emails, os vouchers, a compra de árbitros, as cartilhas, a linguagem de rufia de alguns dos intervenientes, a fadistice vadia que cruza esta miserável barafunda só terá um objectivo: mobilizar argumentos para justificar derrotas desportivas.
O que daqui sai é obsceno. E a obscenidade não é produtora de Justiça. O que daqui sai, desta gritaria própria de batalhas medievais, é o descrédito do próprio futebol. O que daqui sai é a crescente falta de interesse no jogo jogado, naquele onde vale a pena ver estrelas a brilhar, para se perderem as energias com planetas sem importância no sistema desportivo.
Já com pouca paciência para ler ou escutar notícias sobre as colossais vigarices realizadas por estes, por aqueles, pelos outros, julgo que é capaz de ter chegado o momento das próprias instituições judiciais se afastarem deste lupanar onde fervilha a mentira, a intriga, o ciúme, o despeito e onde os factos que surgem como eventuais crimes não são sustentados em prova e os poucos que parecem tê-la não passam de bagatelas penais.
Não encontro javardice igual nos jornais e televisões de outros países europeus, onde as figuras centrais são, de um modo geral, atletas, jogadores e as suas qualidades, que decidem campeonatos e taças pela qualidade desportiva. Aqui, parece que tudo se joga no terreno de quem é que enviou mais mails ou de quem insultou mais e melhor o adversário. Enoja!
O futebol é coisa bem diferente, jogo bonito!, do qual nos vamos esquecendo, enquanto se chafurda neste pântano malcheiroso.