
Nunca o havia feito. Mas há sempre uma primeira vez para tudo. Horas antes de seguir viagem para umas mini-férias decidi desligar-me da televisão.
O desafio não se apresentava de todo fácil, sobretudo para alguém que mantém com o zapping uma relação umbilical. Mas acreditem que não foi preciso esperar muito tempo para descobrir uma nova dimensão; menos virtual e mais humana; menos frenética e mais tranquilizadora, uma realidade que, no fundo, apenas se encontrava adormecida.
Como é prazeiroso apagar a televisão e substituir o seu filtro pelas gargalhadas da minha filha Alice, pelos afetos da família e dos amigos. Sem o comando na mão redescobri cheiros, paladares, ambiências e hábitos singelos que nos podem fazer tão felizes.
Não quero ficar aqui para sempre, mas vou degustar muito bem cada um dos segundos em que a televisão, a maior Janela para o mundo, permanece apagada, dando lugar à vida tal como ela é, imprevisível, sem horas certas, intervalos ou notícias de última hora.