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Simpatia perpetua – as verdades que afinal não o são

Decerto que todos concordarão que conduzir em Portugal não é uma experiência tranquila, isenta de stress, especialmente nos grandes centros urbanos ou em locais de maior tráfego. Assistimos diariamente a uma transformação de muitos condutores em mercenários e praguejadores, com uma facilidade enorme, onde nem a presença de crianças serve de atenuante. E esta antipatia contagia-se, qual pandemia.
11 de outubro de 2021 às 15:03
Gonçalo Barreto
Gonçalo Barreto Foto: dr

Dizem que as viagens nos transformam, que nos tornamos mais ricos ao vivermos e compararmos outras culturas e outras formas de viver com a nossa. Os nossos horizontes alargam-se e confirmamos, ou desmentimos, o que pensávamos ser absoluta verdade até então.

Penso que haverá poucos portugueses que discordem que conduzir em Portugal não é sempre uma experiência agradável ou segura, e que o respeito pelos outros, o cumprimento do código da estrada e a simpatia entre condutores deixa muito a desejar. Decerto que todos concordarão que conduzir em Portugal não é uma experiência tranquila, isenta de stress, especialmente nos grandes centros urbanos ou em locais de maior tráfego. Assistimos diariamente a uma transformação de muitos condutores em mercenários e praguejadores, com uma facilidade enorme, onde nem a presença de crianças serve de atenuante. E esta antipatia contagia-se, qual pandemia.

E digo transformação porque lá no fundo todos sabemos que estamos errados e a olhar apenas para o nosso umbigo. Sabemos que estes não são os nossos valores e que não devíamos fazer isto ou dizer aquilo a quem quer que seja. A nossa consciência pesa porque nos deixámos levar por esta onda agressiva.

A onda que leva a que uma franja dos condutores portugueses pensem que, conduzir depressa é sinonimo de conduzir bem, passar à frente nas filas é sinal de inteligência e estes condutores acham-se sempre donos da estrada, onde têm sempre mais direitos que os restantes condutores. Ai de algum carro que não saia da minha frente se eu for mais depressa que ele; nem pensar em mudar de faixa ou desacelerar caso outro condutor necessite entrar na minha faixa de rodagem; impedir a circulação parando no meio dos cruzamentos é essencial para que EU possa chegar 5 minutos mais cedo ao trabalho; não conduzir na faixa do meio, porquê?; e por aí fora.

E terá de ser sempre assim? São estas verdades inquestionáveis? Teremos sempre de sair dos nossos carros mais stressados do que quando entrámos neles? A resposta é claramente um NÂO para todas as perguntas, e basta ver que esta nossa experiência, por vezes quase medieval, não é assim em todo o lado. Conduzam noutros países e far-se-á luz!

Sabe bem quando outros condutores nos respeitam, são simpáticos e contribuem para que a nossa experiência na estrada seja mais fácil, mais clama e agradável. E é fácil ser cordial, educado ou respeitador de volta. Torna-se natural a convivência dos carros na mesma estrada, estilos de condução distintos a ocuparem um espaço que é de todos, e não apenas daqueles que pensam ser melhores que os outros. E esta simpatia é igualmente contagiosa, senão mesmo mais.

Não pretendo ser instrutor de condução, polícia, nem muito menos falso moralista, pois tenho telhados de vidro, mas deixo aqui um último desafio a todos, talvez uma provocação – e se todos os dias ao entrarmos nos nossos carros pensássemos em fazer um ato de simpatia para com um outro condutor. Assim, simples, sem pensar em receber nada em retorno. Mas mais ainda, a partir desse primeiro gesto, e sempre que outro condutor nos surpreendesse com um ato de simpatia, ficaríamos com uma "divida" e teríamos que "pagá-la" com outro ato de simpatia para com outro condutor, criando uma força crescente, exponencial, de simpatia perpetua.

Talvez a única viagem que necessitemos fazer será à nossa consciência e aos nossos valores.

É possível mudar e cabe a cada um de nós dar o primeiro passo. Passo a passo. Perpetuamente.

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