
Se há negócio de milhões na TV é o futebol. É um dos conteúdos que ainda consegue reunir a família à frente do pequeno ecrã. Trata-se, por isso, de um produto valioso, pago a peso de ouro e com direitos controlados ao milímetro.
Há redacções em Portugal que têm instalados no seu interior serviços jurídicos em permanência para avaliarem, a cada momento, o que a estação pode e o que não pode passar nos noticiários. O negócio da Sport TV tem, por isso mesmo, tudo para dar certo, à custa dos amantes do futebol.
Mesmo sem os jogos do Benfica em casa, é um canal de assinatura obrigatória para todos os que querem seguir o campeonato, desde que, naturalmente, possam pagar a mensalidade. Ter a Sport TV é ainda mais essencial para todos os negócios de restauração que pretendem ser competitivos à hora dos jogos.
Além disso, o canal tem, também, a ajuda da circunstância histórica de não haver jogos da Liga portuguesa em sinal aberto. Por tudo isto, é bizarro que a Sport TV acumule prejuízos. É ainda mais bizarro que a estação tenha decidido abrir um novo canal, cujo objectivo é fazer concorrência a si própria.
Na Sport TV+ há golos de borla, quase em tempo real, enquanto decorrem os jogos nos canais pagos; há resumos curtos e alargados; há futebol a custo zero para quem não paga o serviço premium.
Na prática, a Sport TV+ torna quase desnecessário ser cliente desse serviço premium, porque os momentos decisivos são disponibilizados gratuitamente. Trata-se da primeira experiência autofágica da TV portuguesa. Ou é reformulada, ou é a rentabilidade da própria Sport TV que fica em causa.