
Num mercado que tem uma nova ordem, o fator predominante é a queda continuada dos canais tradicionais, um movimento de perda que tem sido constante e que, tudo indica, irá continuar.
Em apenas 4 meses, entre janeiro a abril deste ano, os generalistas, RTP1 e 2, SIC e TVI, viram fugir um total de 50 mil pessoas por minuto. É uma multidão que abandona a cada instante do dia as formas clássicas de fazer e de ver televisão. O balanço pode ser feito a propósito do primeiro trimestre de liderança da SIC, que se completa em abril, e que se traduz já numa vantagem a rondar os 2 pontos percentuais: a SIC fecha o mês com 18,9%, e a TVI fica-se pelos 17%.
O canal 3 superioriza-se à concorrência em praticamente todos os horários do dia, sendo ultrapassado apenas numa parte do noticiário das 20 horas, e depois, durante a emissao das novelas portuguesas de horário nobre, área em que a TVI continua imbatível.
Mais tarde, perto da meia noite, a SIC recupera a dianteira quando emite uma novela da Globo. Um dia típico de televisão em Portugal resume-se à liderança constante do canal de Balsemão, com uma breve interrupção para a ficção nacional da TVI. Apesar da liderança consolidada, a verdade é que até a SIC perde 6 mil espectadores por minuto entre janeiro e abril. Uma queda ligeira, quando comparada com a da TVI, que, no mesmo período, perdeu praticamente 40 mil pessoas. Uma estação com os espectadores em debandada - eis o retrato atual do canal que foi líder durante 150 meses consecutivos. As voltas que a vida dá!
45 anos, 35 de abril
No melhor pano cai a nódoa. No aniversário da revolução do 25 de abril, o Telejornal do canal 1 fez a celebração trocando os dias, certamente por erro de simpatia. 35 de abril, 45 anos, a sequência errada passou por todos os crivos, e permaneceu no ar durante a reportagem. Combater os erros é urgente!
Arrepiante
Os desmandos do mundo da moda, e o tratamento desumano, muitas vezes autoinflingido, que afeta as próprias profissionais da indústria, ficou bem patente na arrepiante imagem da modelo que desfalece na passerelle, e acaba por morrer, segundo os primeiros relatos por falta de alimentação. Uma imagem chocante mas que deve passar como alerta.
O direto é como o algodão
A predominância da reportagem em direto está instituída na televisão portuguesa. Televisão é direto, e isso nota-se, sobretudo, nas estações de informação nacional, no cabo. Alguns acontecimentos prestam-se a horas intermináveis, como é o caso do futebol. Ora, o direto é, para os jornalistas, como o algodão: não engana. O momento em que Paulo Garcia vislumbra o "Terreiro do Paço e o Arco do Triunfo" numa coreografia bracarense exigia ajuda imediata da regie. Falhou toda a cadeia.
Relegado para o cabo
É nestes pequenos sinais que se vai medindo a temperatura das notícias, do impacto dos protagonistas, da segurança das opções editoriais, sobretudo as mais polémicas e dificilmente defensáveis junto de uma redação constituída por jornalistas, profissionais da liberdade: Sócrates lá voltou à TVI, desta vez para responder a Sérgio Moro, mas agora já afastado do Jornal das 8, da generalista, para as 7 da tarde, no cabo.