
Faça o leitor este exercício: quantas vezes recebeu mensagens sobre o 10 de Junho? Ao longo das nossas vidas quantas vezes falámos sobre as celebrações do Dia de Portugal, seja em jantares de amigos, seja em conversas nas redes sociais, seja no café matinal do emprego? Provavelmente, isso nunca aconteceu.
Até hoje. As comemorações do Dia de Portugal são, desde sempre, uma enorme maçada. Ano após ano, os espectadores aborrecem-se em sucessivas transmissões televisivas, em que a generalidade dos canais, ditos de informação e não só, se mimetizam uns aos outros, dando uma nova e redutora dimensão ao conceito de liberdade de imprensa.
Seja por falta de coragem editorial, seja por falta de imaginação, os discursos e os desfiles militares pouco ou nada dizem aos portugueses, sobretudo às novas gerações. Mas eis que, este ano, no topo da hierarquia do Estado, o Presidente da República convidou um jovem comentador político para fazer um discurso nas cerimónias oficiais.
Estou a falar de João Miguel Tavares, cuja foto fica aqui para quem não conhece. O efeito do discurso terra-a-terra de João Tavares foi o de adicionar impacto a uma cerimónia vetusta e cinzenta. Tal como todos os anos, não teve grande audiência televisiva. Só que, desta vez, teve enormes consequências no "passa-palavra" posterior. Creio que o Presidente Marcelo vai reincidir no ano que vem. Trazer uma voz da sociedade civil para o interior do protocolo do poder é uma receita segura para refrescar a democracia.