
Foi o Papa Francisco quem o disse. A violência contra as mulheres, em ambiente doméstico, é um comportamento quase satânico. E tem razão. É a época indicada para o Sumo Pontífice trazer este assunto à baila. Sobretudo, quando passaram quase dois anos sobre o início da pandemia e o Mundo se transfigurou no que respeita às limitações sanitárias impostas. As mulheres vítimas dos companheiros ficaram mais expostas e vulneráveis. Foi-lhes dificultado o acesso às autoridades policiais. O confinamento funcionou contra elas. Quer no que respeita à capacidade de procurar apoio, quer no que respeita ao maior controle que os agressores exerceram sobre as vítimas. Mais desprotegidas por maior dificuldade de acesso a familiares, amigos, instituições de ajuda. Mais expostas aos seus carrascos com quem passaram a conviver com maior interdependência.
Tão expostas ao poder quase satânico dos seus carrascos que, de certeza, os números mais robustos desta criminalidade obscena são desconhecidos, por todos os motivos anteriormente referidos, mergulhando nas cifras negras do desconhecimento.
E neste tempo de festa, em que se reúnem famílias, em que o álcool é consumido em maior abundância, em que já são evidentes as consequências mentais de tão prolongado confinamento, os números de agredidas e de assassinadas tende a aumentar.
Fez bem o Papa Francisco em revelar a sua compaixão, e repúdio, por esta tragédia social. Aproxima-o, e aproxima-nos daqueles que mais sofrem em todos os estratos sociais. Encorajou à denuncia por parte das ofendidas, estimulou-as à resistência ao apostrofar quem assim procede de se afastar dos valores essenciais do amor e da igualdade.
É importante que o Natal seja um anúncio da Paz. De Paz e de Amor. Sem trincheiras. Sem diferenças e partilhados por todos, longe de comportamentos quase satânicos. E contra eles.
É assim que vos desejo um Feliz Natal. Para que os valores que agora celebramos, se perpetuem no tempo até nos encontrarmos no próximo Natal.