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Francisco Moita Flores
Francisco Moita Flores Piquete de Polícia

Notícia

Fim das preocupações

É esta a razão principal do nosso subdesenvolvimento: vivemos intensamente o momento, desde que nos leve até à emoção, e mais outro momento e assim sucessivamente, sejam incêndios, novelas, futebol ou um qualquer crime mais escabroso.
04 de setembro de 2022 às 06:00
incêndios
incêndios Foto: Cofina Media

Depois da voracidade do fogo que produziu noticiários tão intensos, quais rajadas de vento, o flagelo parece estar perto do fim, por este ano, e decresce o alarido sobre aquilo que esta arder ou já ardeu. Vivemos o tempo das análises, dos estudos, de declarações voluntaristas, e pretensamente preocupadas, proclamações solenes, afirmações de princípio e, como diria Camões, sabe-se de um saber de experiência feito, que está quase na hora de virar a página para dar lugar ao esquecimento. O interior do País ficará ainda mais pobre, mais frágil, com sede e fome, tendo para desfrutar imensos territórios devastados pelos incêndios.

A prevenção continuará a falhar, o ordenamento do território continuará adiado, esperando que para o ano a meteorologia seja bondosa com Portugal. Portanto, acabaram-se as preocupações, que este ano há motivos de sobra para nos sentirmos mais motivados para o esquecimento: o Sporting e o Porto estão a perder e o Benfica parece estar de regresso ao topo do mundo. Com futebol tão bom e bonito, não há razão para estar a perder tempo com desastres e com a ruína dos campos.

É esta a razão principal do nosso subdesenvolvimento: vivemos intensamente o momento, desde que nos leve até à emoção, e mais outro momento e assim sucessivamente, sejam incêndios, novelas, futebol ou um qualquer crime mais escabroso. Deixamos que a vida escorra em cima do joelho, volátil, embora cada vez mais agressiva, incapazes de trabalho aturado, sustentado, com planeamento estratégico de médio e de longo prazo. Não é de hoje. Somos filhos do desenrasca. Especialistas na palavra fácil e encantadores de serpentes. Quem se der ao trabalho de procurar os debates e as declarações solenes quando aconteceram as tragédias de 2017, verá com surpresa que as palavras são iguais, as declarações idênticas, a solenidade com o mesmo cheiro a naftalina. Não será necessário esperar pela grande revolução que se promete para a serra da Estrela. Basta olhar para a revolução prometida para o pinhal de Leiria, o cadáver arrepiante que se vê ao logo da autoestrada. E lá vamos proclamando medidas até à miséria final.

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