
Os noticiários da última semana divulgaram, com visível consternação, a história do pequeno Archie Battersbee, de 12 anos, clinicamente em morte cerebral, e cujos pais lutaram desesperadamente para que não fosse desligada a máquina que lhe suportava a vida. Acabaram por não ver os seus pedidos junto dos vários tribunais a que recorreram e o menino acabou por morrer no passado fim de semana.
Percebe-se a aflição dos pais. A dor pela perda de um filho não tem nome. É uma ferida excruciante que o tempo não apaga nem qualquer autoridade dissolve e que provoca tal consternação que, um pouco por todo o Mundo, fomos acompanhando, ao dia, a tragédia que se desenrolava no Royal London Hospital, unidade de saúde onde terminou os seus dias.
Segundo as informações disponíveis, o pequeno Archie ter-se-á embrenhado num jogo virtual, através da rede Tik-Tok, denominado 'Blackout Challenge', onde os jogadores se expunham a riscos, nomeadamente a auto asfixia, que terá levado ao desmaio e à produção das graves lesões cerebrais que o vitimaram.
Não é o primeiro caso. Ao longo dos últimos anos, soube-se da morte de outras crianças que participaram em jogos destrutivos, sem uma consciência ainda preparada para avaliar riscos em toda a sua plenitude.
A morte de Archie torna-se, neste contexto, num alerta para todos os pais, com filhos menores, no que respeita à manipulação de telemóveis e redes sociais. É um objeto ambíguo, que pode trazer mais conforto, mas com muitos riscos associados. Pela Internet correm perversões inimagináveis, desde predadores pedófilos passando negociantes de sexo, de mão de obra escrava, de sedução de menores. E por jogos disparatados que podem interromper a vida de uma criança ao lhes ser solicitado um gesto menos refletido ou mais audacioso, criando lutos impossíveis e dores infinitas devido ao sentimento de culpa.
Permitam-me, pois, um conselho: controlem os telemóveis dos vossos filhos menores. Saibam que sites visitam e com quem se relacionam. Para bem deles e para vosso sossego.