'
FLASH!
Verão 2025
Compre aqui em Epaper
Francisco Moita Flores
Francisco Moita Flores Piquete de Polícia

Notícia

O Tempo

É o terrível relógio do tempo que nos induz ao esquecimento e, por isso, que seja necessário repetir, como se fosse o primeiro verão das nossas vidas, os cuidados e prevenções face às vagas de calor.
17 de julho de 2022 às 10:08
incêndios
incêndios Foto: Cofina Media

Chegou o tempo da brasa. Repetem-se os conselhos, regressam as mesmas imagens infernais feitas de fogo e fumo, reacendem-se as discussões sobre as alterações climáticas. A procura da praia, das viagens, essa procura da utopia, projeção idílica do paraíso na Terra, entope estradas, aeroportos, enquanto o calor entorpece os caminhos de ferro, acrescentando risco ao risco.

Bebam líquidos, não façam lareiras, protejam a floresta, são frases tantas vezes repetidas que, se estivéssemos atentos, há muitos anos que beberíamos muitos líquidos, não faríamos lareiras e protegeríamos as florestas contra a possibilidade de incêndio. Porém, todos os anos se repetem as mesmas realidades e os mesmos conselhos como se, findo o verão, fossemos acometidos por uma amnésia coletiva que esquece os danos e o sofrimento que habitam nestes meses de braseiro.

É o terrível relógio do tempo que nos induz ao esquecimento e, por isso, que seja necessário repetir, como se fosse o primeiro verão das nossas vidas, os cuidados e prevenções face às vagas de calor.

A seguir, quando se arrumar o ruído desta época, já sabemos qual vai ser o mote dos próximos noticiários: A tragédia da seca. Dos rios que deixaram de correr, das albufeiras exangues, dos bombeiros carregando água para pessoas e animais até que a chuva dê sinais de vida e devolva alguma paz a um país comandado por sortilégios do tempo. O país que parece ser comandado pela tríade dos 30. Quando a temperatura escala este número, quando o vento o ultrapassa, quando a humidade não lhe consegue deitar mão, Portugal fica nu. Exposto às suas maiores fragilidades, débil como um arbusto ressequido, cansado como um velhote esclerosado.

Arde, deixa-se arder e fica à mercê de pirómanos.  É neste tempo que se torna urgente proteger os mais idosos e as crianças. Quem trabalha ao ar livre, evitando as horas de maior calor. Um tempo paradoxal em que se espera o sol, para cuidarmos da sombra. Não venha a desidratação, não chegue a hipotensão, não definhe a vida levada por um golpe de calor. Sobretudo precisamos de poupar gente, embora cada vez mais envelhecida e anémica e esperar que um dia, mais cedo do que tarde, chegue uma chuvada de crianças que rejuvenesça o País e dê outro sentido ao tempo que o tempo de hoje não tem.       

Leia também
Leia também
Leia também
Leia também
Leia também

você vai gostar de...

Mais notícias de Piquete de Polícia

Agora, a sério

Agora, a sério

Contratar duas dúzias de tratores de rasto é mais barato do que contratar esquadrões de aviação.
Agressão com amor

Agressão com amor

Juraram e viveram promessas de amor, fizeram de filhos, construíram vidas e, mais cedo ou mais tarde, começa a agressão.
O inferno

O inferno

Os governos, os sucessivos governos, seja qual for a cor da sua bandeira, passam pelos fogos como cão por vinha vindimada.
Afogamentos

Afogamentos

A esmagadora maioria dos óbitos, ocorridos no mar e em rios, acontece em locais sem controlo de vigilância e sem ajuda.
Absolvição

Absolvição

A tese que defendia que ele [Fernando Valente] assassinara Mónica Silva morreu na sala de julgamento.
A Operação Marquês

A Operação Marquês

Tenho ficado perturbado com os comícios que Sócrates gerou à porta do tribunal.

Subscrever Subscreva a newsletter e receba diariamente todas as noticias de forma confortável