
Fazer televisão de forma genuína é, nos dias que correm, uma tarefa difícil, um desafio que só pode ser enfrentado, olhos nos olhos, por quem trabalha com o único compromisso de servir os telespectadores.
O programa 'Separados Pela Vida', apresentado por Duarte Siopa, na CMTV, mais do que preencher um lugar, que há muito se encontrava abandonado na televisão portuguesa, é a prova irrefutável de que o segredo do sucesso no pequeno ecrã anda sempre de braço dado com a simplicidade.
Sem artificialismos ou produções megalómanas, 'Separados Pela Vida', é um conteúdo marcado pela emoção. Pura. Aqueles cuja vida se encarregou de separar e que já muitos desistiram de juntar, têm-se reencontrado, desde o dia 1 de julho, neste programa.
Durante 30 minutos olho para o ecrã e vejo pessoas que não tiveram receio de desafiar o destino, de enfrentar a fatalidade; vejo reportagens assertivas e que não se deixam embalar pela "lamechice".
Quando ainda vinha longe a estreia do programa fui desafiado a participar no primeiro ensaio. Depois de me sentar na cadeira do estúdio e já com as câmaras ligadas passei a vestir a pele de um homem amargo, triste e frustrado pelo facto de viver longe das filhas.
O vício do álcool e as amantes haviam destruído o mais precioso dos tesouros: a família. Mas o homem, de rosto marcado pelo arrependimento, iria ter a oportunidade de amenizar o mal que fez.
Existirá algo mais penoso do que viver sem ver, tocar e cheirar quem mais amamos? Parabéns Duarte Siopa, Isabel Cerqueira (produtora) e Ana Botto (jornalista) pela forma dedicada com que abraçaram este repto. A recompensa, essa, não tem preço nem limite.