Nos últimos 60 anos, o índice de envelhecimento passou de 27,3% para 182% e desde 2007 existem mais óbitos do que nascimentos. É certo que este fenómeno não é exclusivamente português. É a dor de cabeça que os países mais desenvolvidos, em particular no espaço europeu, enfrentam, embora com menos gravidade do que a situação nacional.
A esmagadora maioria dos comentários agarram-se ao escândalo para tomar partido. Contra e a favor. Indignados uns, outros revoltados. Todos instalados no lugar-comum de que "à Justiça o que é da Justiça, à Política o que é da Política".
Provocou uma grande inquietação a notícia que dá conta que duas crianças brasileiras terão sido tratadas no hospital de Santa Maria, alegadamente através de uma "cunha" do presidente da República.
Ninguém tenha dúvidas de que, quanto mais crescem as duas grandes metrópoles – Lisboa e Porto –, a multiplicação dos gangues vai alastrar. Por eles passa muito do consumo e pequeno tráfico de droga, assaltos a estabelecimentos e residências, furto de esticão, crimes de danos e, não raras vezes, conflitos que dão origem a ofensas corporais.
Ao optarmos por sociedades abertas a não naturais, a política criou condições para que outras culturas, outras gentes, com diferentes visões do mundo se instalassem. Porém, esse positivo crescimento humano acarreta condições complexas de vivência comum.
Esta é a guerra que ficou depois de terminar a Segunda Guerra Mundial. E dura até aos nossos dias e, possivelmente, por muitos mais anos. Não se passou um único dia em que a estabilidade, a paz, a solidariedade ativa de vizinhos não tenha sido posta em causa por qualquer dos beligerantes.
É uma doença dos novos tempos a relação que muitos jovens e adultos possuem com o telemóvel e as redes sociais. A obsessão conduz à distopia onde a realidade é engolida pelo mundo virtual, onde o fantástico e a novidade, e a necessidade de obter coisas novas, leva a experimentações que vão para além da razoabilidade.
É difícil de entender que uma Europa envelhecida, necessitada de repor saldos demográficos com mão-de-obra que contribui para o trabalho de cada país, não responda com frontalidade ao crescimento da xenofobia que o populismo barato descarrega sobre aqueles que são diferentes.
A repetição dos crimes contra as pessoas e contra a autodeterminação sexual são aqueles que provocam maior alarme social. Circulam de boca em boca, as notícias amplificam o medo, as pessoas retraem os seus mais vulgares comportamentos, mutilando o seu próprio direito à liberdade, organizando dentro de si regras de segurança que, por vezes, são tão tumultuosas que provocam estados psicóticos mais ou menos graves.
Sociedades supostamente civilizadas, reconhecendo a dignidade humana e a liberdade como fundamentos da política, a racionalidade como primado das decisões, onde o valor da paz deveria ser um postulado reconhecido por todas as nações, maior é a crueldade que se desencadeia nos atuais teatros de guerra, quer na Europa, quer em África.