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Francisco Moita Flores
Francisco Moita Flores Piquete de Polícia

Notícia

O helicóptero

Escutamos os governantes que adoçam a coisa. Os especialistas que lhe metem acidez. Ficamos a saber tudo sobre helicópteros e regras (não cumpridas) de Protecção Civil comodamente revoltados no sofá.
23 de dezembro de 2018 às 07:00
Foto: Cofina Media

Ainda não refeito da queda da estrada de Borba, o país assistiu, há dias, à tragédia do helicóptero do INEM, na serra de Pias, em Valongo. Desta vez foram quatro mortos. Tal como em Borba, de imediato, surgiram perguntas sem resposta, multiplicaram-se as declarações de passa-culpas, e um primeiro relatório sobre o acidente veio meter gasolina na discussão. Afinal, pese a impossibilidade de salvar aquelas vidas devido à brutalidade do evento, mesmo que houvesse alguma hipótese de resgatar algum sobrevivente, não teria acontecido. Morreriam sempre. E porquê? Porque os serviços de protecção e socorro, mais uma vez, entraram em delírio, criaram uma confusão de bradar aos céus e o resto da história não é preciso contar. Já a conhecíamos. É exactamente igual à confusão das comunicações quando ocorreram os incêndios de Pedrógão e os de 15 de Outubro. Nada de anormal, portanto. A incompetência tornou-se um hábito, um conformismo, a que assistimos sem qualquer esboço de indignação mais activo.

Escutamos os governantes que adoçam a coisa. Os especialistas que lhe metem acidez. Ficamos a saber tudo sobre helicópteros e regras (não cumpridas) de Protecção Civil comodamente revoltados no sofá. Mesmo que o Presidente da República venha reclamar que houve demasiadas falhas e que foi a soberania do Estado que falhou, perturba o comodismo de que assiste impávido à sucessão de tragédias. Sem um sobressalto cívico. Sem um protesto de descontentamento colectivo.

Iremos por este caminho. Até ao dia em que toque a tragédia à nossa porta. Então, iremos pedir protestos solidários e não os encontraremos porque a nossa solidariedade preguiçosa não foi além do início da telenovela.

Retenho as palavras de Marcelo. O Estado falhou. Falhou em todas as tragédias que aconteceram nos últimos dois anos. Não esquecendo, noutra dimensão, o escândalo de Tancos. O Estado tornou-se num pequeno monstro cheio que apenas cobra impostos para alimentar vícios privados, transformados em públicas virtudes.

 

CORRESPONDÊNCIA:

José Gonçalves, Amadora

"Fiquei agora a saber que, afinal, o assalto a Tancos não foi o único. Já da PSP tinham sido levadas não sei quantas pistolas ‘Glock’. (…) Onde é que para a segurança do país quando as próprias forças de segurança são roubadas?"

A pergunta é pertinente. Mas deve reconhecer-se que se esses crimes revelam desleixo, a descoberta dos mesmos e a detenção dos autores, demonstra competência no que respeita à investigação criminal. As armas foram recuperadas, embora com peripécias desnecessárias pelo meio, e a quadrilha está detida à espera de julgamento. Agora é aguardar para que se saiba como tudo isto foi possível.

 

Mariana dos Anjos

"Concorda com as alterações, propostas pelo Governo e pelo PSD, ao Conselho Superior da Magistratura para melhor controlar a acção do Ministério Público?Não é uma forma de subjugar esta instituição ao poder político?"

Não concordo. O Conselho Superior da Magistratura é um órgão de gestão. Não investiga processos crimes. É certo que há um problema grande, no que respeita a autonomia do MP porque não é uma estrutura eleita. Porém, é legítimo que a tenha. E necessário. A solução passa por maior fiscalização dos processos, que não devia ser feita por Procuradores.

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