
Há um mês celebrávamos o Dia Internacional contra a Homofobia, a Transfobia e a Bifobia - IDAHOT, uma data que chama a atenção para os direitos das pessoas de todas as orientações sexuais e identidades de género e que nos lembra que, apesar do progresso e desenvolvimento globais, muitas pessoas permanecem em desvantagem, seja pela sua identidade de género ou orientação sexual. E como se isso não fosse já óbvio, ao longo destas últimas semanas, vários acontecimentos nos demonstram que esta discussão não se pode limitar a um dia de calendário.
Um estudo realizado em fevereiro de 2020 pela GlobeScan para IKEA, com uma amostra de 828 portugueses, entre outros dados, revela que apenas 58% dos portugueses concorda que as pessoas devem ser livres de escolher o que vestir e como viver de acordo com o género com que se identificam, mesmo que tenham nascido com outro género. O mesmo estudo diz-nos que apenas metade da população (48% e 52% respetivamente) afirma que está confortável e feliz em socializar/ser amigo ou interagir no trabalho, na universidade ou liceu com pessoas que se sentem atraídas por outros mesmo género. Ou seja, metade do caminho para a tolerância e a inclusão está por fazer.
Acredito que todos temos um papel a desempenhar na defesa dos direitos humanos. E, sejamos claros, é de direitos humanos que falamos aqui. Quando uma pessoa é discriminada no acesso ao emprego ou à habitação. Quando a sua vida no emprego tem de ser "contida" ou até pouco verdadeira, com receio de não ter as mesmas oportunidades de crescimento de carreira. Quando uma criança ou um jovem é atacado na escola por ser "diferente" ou se vestir sem respeitar o padrão do seu género, não podemos ficar indiferentes.
Se pensarmos nos nossos locais de trabalho, parece-me ser da responsabilidade de cada um de nós (líderes e colegas) criar ambientes verdadeiramente inclusivos onde todos se sintam bem-vindos, respeitados e valorizados, independentemente das dimensões de diversidade a que pertencem. Um ambiente heterogéneo, onde cada um é valorizado pelas suas características e contributos únicos, é melhor para as pessoas. E, está provado, melhor para as empresas, que se tornam mais inovadoras, mais colaborativas, mais produtivas e, sim, mais rentáveis.
Quero acreditar que um dia, a larga maioria das pessoas com quem falarmos até achará ofensivo que se pergunte se se sentem confortáveis em ter amigos que se sentem atraídos por pessoas do mesmo género. E porque sou uma otimista, sei que todos podemos fazer com que esse dia chegue um bocadinho mais cedo.