
Quem trabalha em comunicação e marketing está familiarizado com os desafios da transformação digital (mobilidade inteligente, big data, inteligência artificial) e tem vindo a dedicar-se, com empenho, à personalização e à melhoria das experiências de compra e consumo.
Mas, se é verdade que a tecnologia alterou o modo como trabalhamos, não é menos verdade que a pandemia com a qual (quase) nos habituámos a viver há já mais de um ano alterou tudo o resto, de comportamentos a expectativas, de exigências a atuações… de consumidores a modelos de trabalho, da relação com stakeholders aos anseios de famílias e pessoas.
Ainda assim, nem tudo foi mau. Com 2020 a ser marcado pela surpresa do confinamento e da mudança, 2021 acabou por tornar-se um ano de oportunidades. Refiro-me à urgência identificada pelas marcas de comunicarem o seu propósito, de elevarem a sua responsabilidade ética, moral, social e ambiental, mas também de se relacionarem, com transparência e verdade, com consumidores e cidadãos agora mais vigilantes, mais informados e mais exigentes.
Com a responsabilidade social coletiva a assumir posição cimeira na agenda de 2020/21, as marcas e organizações sabem ter que fazer prova dos seus valores. Afinal, se não responderem à humanização e não garantirem benefício para as comunidades junto das quais operam, tendo por base atuações socialmente conscientes e justas, arriscam o abandono pela base de clientes, seguidores e promotores. Arriscam-se a serem relegadas, esquecidas e, naturalmente, a desaparecer.
A questão central passou a ser como transformar a tecnologia em progresso, em novos modelos de atividade sustentável e de negócio ao serviço das pessoas.
A dor que a pandemia nos trouxe, com o isolamento e a perda de milhares e milhares de vidas humanas, deixou-nos uma certeza: o que a comunidade e cada um de nós conseguiu, agindo coletiva e articuladamente no combate ao coronavírus, numa afirmação de solidariedade, entreajuda e humanismo, prova que são estes os atributos do presente-futuro no qual queremos viver. Podem as organizações e as suas marcas viver fora desta equação? Não, não podem. Se quiserem sobreviver, claro!