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Francisco Moita Flores
Francisco Moita Flores Piquete de Polícia

Notícia

Eutanásia

Vai iniciar-se mais uma discussão de folclore político sobre um tema fulcral para a dimensão moral da nossa existência: A legalização da morte assistida ou eutanásia.
07 de fevereiro de 2017 às 19:29

São temas que causam algum desconforto porque irrompem de forma oportunística, descentrando atenções sobre problemas muito sérios que existem para resolver antes mesmo de se discutir a eutanásia, nos termos em vai ser discutida.

Convivi muitos anos com a morte, demasiados anos com o sofrimento, muitos anos de vida vivida junto de lágrimas alheias e emoções comuns para que este tema não me seja caro. De certeza que voltarei a ele noutras ocasiões.

Nascer e morrer são os actos (acontecimentos) mais vividos de forma exclusiva por cada um de nós. Nascer, ainda se partilha com a mãe, porém, é um acto único e transcendente que vai para além do dar á luz uma cria. Ao consumar-se, de imediato, se geram expectativas familiares, sociais que, ainda escondidas no futuro, são a caminhada existencial do recém-nascido até á morte. Essa omnipresença misteriosa, que ninguém conhece, e inscrita no futuro de cada um de nós: em dia e hora que desconhecemos, todos iremos morrer. E quando chega esse momento, de encontro com o nosso fim, só aquele que morre está nesse encontro. Mais ninguém, por mais acompanhado que esteja, porque é solitário, magnânimo e intransmissível. Como diz Ariés, não conhecemos a nossa Morte. Apenas a Morte do Outro.

Viver é o maior direito natural e dele irradia todo o tipo de formação comunitária. Assim como morrer. Morrer com dignidade de que todos fomos investidos apenas porque nascemos. Morrer sem ser lixo que se joga fora, sem sofrimento, em paz com o mundo e com aqueles que se ama. E há muitos caminhos para andar para que tal aconteça.Sobretudo hoje, quando a morte foi medicalizada,se tornou asséptica, desvinculada dos afectos familiares, ao contrário da morte romântica. Daí que gostasse de ver os militantes da eutanásia percorrer projectos de vida que reforçassem a multiplicação de unidades de cuidados paliativos, de lares e instituições que acolhem os mais velhos, dignificando a vida sem lhe apresentar a morte como a opção. Veremos o que sai deste debate tão ao gosto de uma certa esquerda modernaça, giraça, escamoteando os grandes problemas nacionais. Veremos.

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