'
FLASH!
Verão 2025
Compre aqui em Epaper
Francisco Moita Flores
Francisco Moita Flores Piquete de Polícia

Notícia

FOGO RUIM

O país emudeceu de espanto ao ver as imagens de destruição, a mortandade, a aflição de tanta gente sem destino, com o passado em chamas e sem um pedaço de futuro a que se agarrar.
25 de junho de 2017 às 08:00

Não há palavras para descrever a tragédia de Pedrogão Grande. O País emudeceu de espanto ao ver as imagens de destruição, a mortandade, a aflição de tanta gente sem destino, com o passado em chamas e sem um pedaço de futuro a que se agarrar.

Ninguém se lembra de tragédia assim. Aliás, nunca acontecera em Portugal um incêndio que matasse tanta gente.

Quando escrevo estas linhas, ainda o inferno está instalado naquela zona do País. Ainda os mortos não foram sepultados e já começam os primeiros sinais da dança de embustes no que respeita ao apuramento de responsabilidades. A Polícia Judiciária descobriu que foi uma faísca resultante de uma trovoada que fez deflagrar a catástrofe. Desta vez não existe dedo acusador a um qualquer incendiário. Porém, sem andar sofregamente atrás da culpa e dos culpados, não se percebe como foi possível tamanho desastre, durante tantos dias, com tanto apoio internacional.

A sensação com que se fica, perante tamanha destruição e dificuldade em parar a força avassaladora do fogo, é que não estamos protegidos. A nossa Protecção Civil não sai bem nesta fotografia. Por maior que tivesse sido o zelo, sente-se, ou melhor pressente-se incapacidade de reacção organizada. Dou um exemplo. Ás tantas saiu a notícia de que caíra um avião de combate a incêndios. Até foi divulgado que o piloto era inglês. Passadas algumas horas um dos responsáveis fez uma conferencia de imprensa a desmentir o noticiado. Segundo ele, não caíra nenhum avião, embora ele tivesse decidido ao saber da notícia em enviar uma equipa de socorro e salvamento. Para onde? Se o avião não caiu, que raio foi fazer a equipa de salvamento?

Este tipo de reacção é reveladora do estado de desorientação, de confusão que atravessa as chefias desta operação de combate ao incêndio.

Se é verdade que ainda é cedo para rever responsabilidades, não se pode aceitar as declarações políticas que se esboçam para fugir a este confronto com a Vida. Para que haja um mínimo de dignidade em relação a tantos mortes.

Leia também
Leia também

você vai gostar de...

Mais notícias de Piquete de Polícia

Agressão com amor

Agressão com amor

Juraram e viveram promessas de amor, fizeram de filhos, construíram vidas e, mais cedo ou mais tarde, começa a agressão.
O inferno

O inferno

Os governos, os sucessivos governos, seja qual for a cor da sua bandeira, passam pelos fogos como cão por vinha vindimada.
Afogamentos

Afogamentos

A esmagadora maioria dos óbitos, ocorridos no mar e em rios, acontece em locais sem controlo de vigilância e sem ajuda.
Absolvição

Absolvição

A tese que defendia que ele [Fernando Valente] assassinara Mónica Silva morreu na sala de julgamento.
A Operação Marquês

A Operação Marquês

Tenho ficado perturbado com os comícios que Sócrates gerou à porta do tribunal.
O ataque nuclear

O ataque nuclear

A ameaça nuclear tem como finalidade, mais do que o eventual uso da bomba, o medo.

Subscrever Subscreva a newsletter e receba diariamente todas as noticias de forma confortável